Estava para escrever um artigo sobre a série polêmica do momento, 13 Reasons Why, há umas duas semanas. Comecei, parei, voltei, comecei de novo e desisti. O texto estava prontinho, todo estruturado na minha cabeça. Mas quem disse que eu conseguia escrever? Simplesmente bloqueei. Então pensei, vamos falar sobre bloqueio?
Estou procurando respostas. Por que a gente bloqueia? Bloqueei de novo.
(Alguns minutos depois de me perder no Facebook) Enfim, eu tinha o texto estruturado, o título era “Muito além dos porquês – 13 Reasons Why e as perguntas sem respostas”. Eu queria expor minha opinião e explicar por que não recomendo a série (apesar de tê-la devorado em um só dia) e por que acho que é irresponsável, sensacionalista, simplista e perigosa. Queria fazer isso do ponto de vista de alguém potencialmente suicida e se suas (minhas no caso) experiências reais. Quando eu vi, tinha criado um Frankenstein. Um negócio enorme com ideias desconexas.
De repente, centenas de textos começaram a pipocar na internet. Comecei a ler e não achei que eu fosse capaz de escrever nada melhor ou que trouxesse algo de novo ao que já estava circulando. Também me intimidei com textos de especialistas e de críticos muito mais capazes e com muito mais autoridade que eu.
Ao mesmo tempo, as pessoas ao meu redor, conforme iam terminando de ver a série, queriam sabe a minha opinião. E eu disse para todas elas que estava escrevendo. Prometi um texto que não escrevi e, provavelmente, não vá escrever. Mesmo depois de trocar várias ideias com várias pessoas. Nesse meio tempo, veio à tona o jogo da Baleia Azul, e o tema “suicídio” saiu dos limites da série.
Morte e suicídio não são temas novos para mim. É um tema que me interessa muito e que venho estudando há um tempo. Sou das pessoas que acham que temos de falar sobre, quebrar os tabus. Então, por que não saiu?
O que pensei sobre
Primeiro: não se compare. Seu texto não tem de ser igual ao de ninguém: tem de ser o que você propôs que ele fosse, o que você se propôs a escrever. De repente, surgem milhões de pontos de vista e eu sentia que tinha de dar resposta a todos eles. Não, não tinha. Quando tive a ideia, eu me propus a escrever um breve texto de opinião, uma espécie de editorial, pontuando os elementos que eu acho que são problemáticos na série. Não tinha a intenção de aprofundá-los, porque é tudo muito complexo. A ideia era fazer um texto geral e depois, na medida do possível, escrever um texto sobre cada tema.
Segundo: nunca se subestime. Você pode não ser especialista, mas sua opinião é única e pode sim contribuir e até complementar outros pontos de vista. A história da humanidade é feita assim, não é? Se você não é terapeuta, não tem obrigação de fazer uma análise científica da mente das personagens. Se não é psiquiatra ou neurologista, não é obrigado a saber como funcionam os neurotransmissores. Se você não é crítico de arte-cinema-dramaturgia (em que categoria se encaixam as séries?), não tem obrigação de fazer uma análise técnica do roteiro (meio fraquinho por sinal), da fotografia, da trilha sonora. Enfim, acho que deu para entender o que eu quis dizer: eu só queria mostrar como eu, paciente, me senti. Era só isso e já era muito.
Terceiro: não fique se dando obrigações. Esse item serve muito bem para os “portadores de TAB” (me ajudem a escolher um apelido para nós, porque eu não quero ficar usando essa expressão chata o tempo todo). Não sei se é assim com vocês, mas frequentemente eu me empolgo, transbordo ideias (como o texto que estava na minha cabeça) e saio por aí dizendo que vou fazer. Este é meu botão de desligar. Basta falar para alguém que vou escrever um texto para ele não sair. Deixa de ser prazeroso, passa a ser uma obrigação. Agora, estou morrendo de culpa porque estou devendo o texto sobre 13 Reasons why para um monte de gente. Então, saibam: não vai ter texto. Obrigação eu tenho de trabalhar. E, infelizmente, meu trabalho envolve texto...
Eu teria uma série de outros micromotivos para não ter escrito: ando meio deprimida; cansaço mental; vontade de deitar no sofá e ver série; dor na coluna; os cachecóis que eu tenho que fazer pra completar a renda; etc. Alguns poderiam ser chamados de desculpas (o que não tira a culpa coisa nenhuma) em vez de motivos. Mas acho que se conseguir organizar as ideias levando em conta esses três aspectos, será um bom começo.
Estou procurando respostas. Por que a gente bloqueia? Bloqueei de novo.
(Alguns minutos depois de me perder no Facebook) Enfim, eu tinha o texto estruturado, o título era “Muito além dos porquês – 13 Reasons Why e as perguntas sem respostas”. Eu queria expor minha opinião e explicar por que não recomendo a série (apesar de tê-la devorado em um só dia) e por que acho que é irresponsável, sensacionalista, simplista e perigosa. Queria fazer isso do ponto de vista de alguém potencialmente suicida e se suas (minhas no caso) experiências reais. Quando eu vi, tinha criado um Frankenstein. Um negócio enorme com ideias desconexas.
De repente, centenas de textos começaram a pipocar na internet. Comecei a ler e não achei que eu fosse capaz de escrever nada melhor ou que trouxesse algo de novo ao que já estava circulando. Também me intimidei com textos de especialistas e de críticos muito mais capazes e com muito mais autoridade que eu.
Ao mesmo tempo, as pessoas ao meu redor, conforme iam terminando de ver a série, queriam sabe a minha opinião. E eu disse para todas elas que estava escrevendo. Prometi um texto que não escrevi e, provavelmente, não vá escrever. Mesmo depois de trocar várias ideias com várias pessoas. Nesse meio tempo, veio à tona o jogo da Baleia Azul, e o tema “suicídio” saiu dos limites da série.
Morte e suicídio não são temas novos para mim. É um tema que me interessa muito e que venho estudando há um tempo. Sou das pessoas que acham que temos de falar sobre, quebrar os tabus. Então, por que não saiu?
O que pensei sobre
Primeiro: não se compare. Seu texto não tem de ser igual ao de ninguém: tem de ser o que você propôs que ele fosse, o que você se propôs a escrever. De repente, surgem milhões de pontos de vista e eu sentia que tinha de dar resposta a todos eles. Não, não tinha. Quando tive a ideia, eu me propus a escrever um breve texto de opinião, uma espécie de editorial, pontuando os elementos que eu acho que são problemáticos na série. Não tinha a intenção de aprofundá-los, porque é tudo muito complexo. A ideia era fazer um texto geral e depois, na medida do possível, escrever um texto sobre cada tema.
Segundo: nunca se subestime. Você pode não ser especialista, mas sua opinião é única e pode sim contribuir e até complementar outros pontos de vista. A história da humanidade é feita assim, não é? Se você não é terapeuta, não tem obrigação de fazer uma análise científica da mente das personagens. Se não é psiquiatra ou neurologista, não é obrigado a saber como funcionam os neurotransmissores. Se você não é crítico de arte-cinema-dramaturgia (em que categoria se encaixam as séries?), não tem obrigação de fazer uma análise técnica do roteiro (meio fraquinho por sinal), da fotografia, da trilha sonora. Enfim, acho que deu para entender o que eu quis dizer: eu só queria mostrar como eu, paciente, me senti. Era só isso e já era muito.
Terceiro: não fique se dando obrigações. Esse item serve muito bem para os “portadores de TAB” (me ajudem a escolher um apelido para nós, porque eu não quero ficar usando essa expressão chata o tempo todo). Não sei se é assim com vocês, mas frequentemente eu me empolgo, transbordo ideias (como o texto que estava na minha cabeça) e saio por aí dizendo que vou fazer. Este é meu botão de desligar. Basta falar para alguém que vou escrever um texto para ele não sair. Deixa de ser prazeroso, passa a ser uma obrigação. Agora, estou morrendo de culpa porque estou devendo o texto sobre 13 Reasons why para um monte de gente. Então, saibam: não vai ter texto. Obrigação eu tenho de trabalhar. E, infelizmente, meu trabalho envolve texto...
Eu teria uma série de outros micromotivos para não ter escrito: ando meio deprimida; cansaço mental; vontade de deitar no sofá e ver série; dor na coluna; os cachecóis que eu tenho que fazer pra completar a renda; etc. Alguns poderiam ser chamados de desculpas (o que não tira a culpa coisa nenhuma) em vez de motivos. Mas acho que se conseguir organizar as ideias levando em conta esses três aspectos, será um bom começo.
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