sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

POR LU CANDIDO :: 
Tem coisas que a gente tenta, tenta, tenta e não consegue consertar. Eu tenho um jogo de pratos azuis que adoro. Eles são lindos, de cerâmica manufaturada. É um azul que não é marinho, mas é escuro. Não sei descrever. São pesados. Os rasos são retos, quase sem bordas.


O fabricante dizia que podia ir ao micro-ondas. E assim fui usando e gastando meus pratos. Até que um deles rachou e descobri que era mentira: eles não podiam ir ao micro-ondas.

Primeiro, fiquei com raiva: como o fabricante pode me enganar assim? Depois, fiquei triste e resolvi colar as partes só para não ter de colocá-los no lixo. Afinal, estava tão acostumada a eles. E os amava!

Aí, quebrou mais um. E um terceiro. E eu fui colando e guardando. Mas acabou que continuei usando os pratos. A cola funcionou, mas toda vez que eu os lavava, passava a mão e sentia a fissura. Nunca mais eles ficariam do mesmo jeito.

O tempo foi passando, e eu não me animei a trocar os pratos ou a simplesmente me livrar deles. Continuo sentindo as rachaduras coladas e pensando que a qualquer momento eles podem se quebrar novamente. Acho que me acostumei com aquele azul forte, vivo. Mas eles nunca mais serão os pratos lindos de cerâmica manufaturada.

Sempre que passo por alguma loja de utilidades, fico admirando os jogos de pratos e pensando em comprá-los. Já segurei alguns, são mais leves. Mas ainda não troquei os meus azuis de cerâmica manufaturada.







*Revirando meus escritos antigos, encontrei este texto de 2000 e bolinha. É meio besta, mas a metáfora é interessante. Serve para qualquer coisa. Se alguém quiser usar, fique à vontade. E está na hora de perder o medo de compartilhar meus textos. Nem que seja para receber um monte de críticas e aprender a escrever direito!

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