POR LU CANDIDO ::
Dizem que os clichês só são clichês porque têm algo de verdadeiro. Concordo. Parece até meio óbvio. Porém, como toda regra, há exceções. Não consigo assimilar aquela coisa que as pessoas dizem: “se eu pudesse fazer tudo de novo, faria exatamente igual.”
É sério isso? Vai dizer que você não tentaria consertar uma cagadinha aqui, outro problemão ali? Eu mudaria um monte de coisas. Não deixaria o menino mais legal da escola na balada para ficar com o mais babaca da cidade. Não teria comido aquele bolo vulcão de chocolate ontem. Não trocaria de curso na fila da inscrição para o vestibular. Teria comprado aquela passagem para a Alemanha quando tive dinheiro.
Manteria algumas escolhas estúpidas que fiz. Por exemplo, ter comprado um carro bêbada, voltando de uma festa no Bar Ocidente. Também pularia de novo de uma duna imitando a Rose do Titanic, mesmo custando um pé quebrado.
Ainda assim, nada disso é garantia de que seria melhor de outra forma. Estamos falando sobre arrependimento e pessoas que vivem pensando em como seriam suas vidas se tivessem tomado decisões diferentes.
O tempo todo, a cada minuto, do primeiro ao último dia de nossas vidas, fazemos escolhas, desde resolver que roupa usar pela manhã até decidir mudar de país. Mesmo a escolha mais bem pensada, em que temos a convicção de termos agido certo, traz perdas. Escolhas meio estranhas, grandes perdas. Escolhas que parecem mais sensatas, perdas menores. Ou não. Enfim, são perdas. O conceito “escolha” carrega consigo o de perda.
O passado já aconteceu. Não é possível alterar a sequência de fatos que nos trouxe até aqui. Sim, cada pequena escolha pode alterar grandes eventos. E de fato altera. Mas quem disse que seria melhor se você tivesse escolhido a outra opção? Ficar pensando nisso é inútil, é sofrer por algo que não é real. É ficar parado apreciando o mundo enquanto ele gira, deixando de construir o futuro. Porque o futuro...
O futuro não existe. Mesmo os nossos desejos, dos mais simples aos mais grandiosos, são ideias acontecendo no presente. Evidentemente, o sonho é parte indissolúvel do ser humano, uma de suas partes mais sublimes. É o catalisador das ações. Temos de acreditar.
Pensar no passado só faz sentido se for para aprender e acumular experiência para ações futuras. Pensar no futuro só faz sentido se o pensamento vier acompanhado de ação.
Só o presente existe. E não se trata de carpe diem, pelo contrário. Trata-se de colocar o mundo em movimento. A História não é feita de “se”. As teorias não se escrevem sozinhas, e a prática não é espontânea.
Então, pare de se lamentar com o passado e de jogar seus sonhos no vazio. Até os mais impossíveis servem para alguma coisa, como escrever uma crônica que alguém vai ler no futuro por exemplo.
Não existem escolhas erradas. Algumas são fáceis. Outras nos perseguem para sempre.
:: Publicado originalmente no blog Mi Mezcla
Foto: Caracol, Cordilheira dos Andes (Lu Candido)
Dizem que os clichês só são clichês porque têm algo de verdadeiro. Concordo. Parece até meio óbvio. Porém, como toda regra, há exceções. Não consigo assimilar aquela coisa que as pessoas dizem: “se eu pudesse fazer tudo de novo, faria exatamente igual.”
É sério isso? Vai dizer que você não tentaria consertar uma cagadinha aqui, outro problemão ali? Eu mudaria um monte de coisas. Não deixaria o menino mais legal da escola na balada para ficar com o mais babaca da cidade. Não teria comido aquele bolo vulcão de chocolate ontem. Não trocaria de curso na fila da inscrição para o vestibular. Teria comprado aquela passagem para a Alemanha quando tive dinheiro.
Manteria algumas escolhas estúpidas que fiz. Por exemplo, ter comprado um carro bêbada, voltando de uma festa no Bar Ocidente. Também pularia de novo de uma duna imitando a Rose do Titanic, mesmo custando um pé quebrado.
Ainda assim, nada disso é garantia de que seria melhor de outra forma. Estamos falando sobre arrependimento e pessoas que vivem pensando em como seriam suas vidas se tivessem tomado decisões diferentes.
O tempo todo, a cada minuto, do primeiro ao último dia de nossas vidas, fazemos escolhas, desde resolver que roupa usar pela manhã até decidir mudar de país. Mesmo a escolha mais bem pensada, em que temos a convicção de termos agido certo, traz perdas. Escolhas meio estranhas, grandes perdas. Escolhas que parecem mais sensatas, perdas menores. Ou não. Enfim, são perdas. O conceito “escolha” carrega consigo o de perda.
O passado já aconteceu. Não é possível alterar a sequência de fatos que nos trouxe até aqui. Sim, cada pequena escolha pode alterar grandes eventos. E de fato altera. Mas quem disse que seria melhor se você tivesse escolhido a outra opção? Ficar pensando nisso é inútil, é sofrer por algo que não é real. É ficar parado apreciando o mundo enquanto ele gira, deixando de construir o futuro. Porque o futuro...
O futuro não existe. Mesmo os nossos desejos, dos mais simples aos mais grandiosos, são ideias acontecendo no presente. Evidentemente, o sonho é parte indissolúvel do ser humano, uma de suas partes mais sublimes. É o catalisador das ações. Temos de acreditar.
Pensar no passado só faz sentido se for para aprender e acumular experiência para ações futuras. Pensar no futuro só faz sentido se o pensamento vier acompanhado de ação.
Só o presente existe. E não se trata de carpe diem, pelo contrário. Trata-se de colocar o mundo em movimento. A História não é feita de “se”. As teorias não se escrevem sozinhas, e a prática não é espontânea.
Então, pare de se lamentar com o passado e de jogar seus sonhos no vazio. Até os mais impossíveis servem para alguma coisa, como escrever uma crônica que alguém vai ler no futuro por exemplo.
Não existem escolhas erradas. Algumas são fáceis. Outras nos perseguem para sempre.
:: Publicado originalmente no blog Mi Mezcla
Foto: Caracol, Cordilheira dos Andes (Lu Candido)
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